O professor João Moreira Ribeiro, do qual não temos dados de filiação, descendência e data de nascimento, faleceu em 15 de janeiro de 1.894.
O professor João Moreira foi um dos examinadores, junto com o Alferes Francisco Martins Mundim (que também já foi vereador formosense), em várias fases da Instrução Formosense. Um fato curioso aconteceu no dia 19 de dezembro de 1.877, um dia após essa comissão ter avaliado os alunos do professor Alferes Mathias d’Oliveira Barreto, diz-se no Correio Official de Goyaz: “Aos 19 dias do mez de Dezembro de 1877, nesta escola publica d’instrucção primaria do sexo feminino, estabelecida na cidade da Formoza da Imperatriz, reunidos sob a presidência do inspector parochial tenente coronel Paulino de Souza Lobo, os examinadores João Moreira Ribeiro e alferes Francisco Martins Mundim, e a professora Auta Francisca da Silva Rocha, por esta foi feita a chamada das alumnas matriculadas, e verificando-se estarem presentes doze alumnas, deo-se começo aos exames na forma recommendada pelo respectivo regulamento. Sendo examinadas as alumnas cada uma por sua vez, (depois de ser recitado musicalmente o himno de invocação a Deos pelas mesmas alumnas e a professora) julgou a commissão examinadora que as alumnas Joanna de Mello Alves, Rosalina Teixeira Dutra, Maria Augusta Teixeira Dutra, Emilia Fernandes de Souza e Marfisa Fernandes de Souza, ficavão plenamente approvadas em leitura, escripta, contabilidade e doutrina christã; que as alumnas Cassianna do Espirito Santo, Angelina Benedicta de Pina, e Maria Rodrigues Fraga, fizerão bom exame e mostraram-se adiantadas em leitura, escripta bastardo e doutrina christã; que as alumnas Percilia Augusta Mundim, Maria Gomes Xavier e Franklina Pereira de Sant’Anna, mostraram-se bem adiantadas em leitura, e quanto a escripta dando boas esperanças. Terminados os exames, foram premiadas as alumnas com corôas de flôres pela respectiva professora, concluindo-se o acto com o hymno “Encerramento da aula” entoado pelas mesmas alumnas. Alem do que fica exposto, declarou a commissão examinadora que, as alumnas portaram-se com polidez durante todo o acto, pelo que, não podia prescindir de louvar a professora pela maneira por que conduz suas educandas, prestando com isso um bom serviço ao paiz.”
João Moreira Ribeiro, eleito como vereador em 1.875, foi vereador até 1.884, sendo entre 1.881 e 1.884 o presidente da Câmara de Vereadores e chefe do Poder Executivo, sendo um grande contribuinte para a legislação municipal da época.
João Moreira abdicou-se do cargo de vereador para assumir o cargo de promotor público da Comarca de Formoza da Imperatriz, para o qual ele prestou juramento no dia 3 de julho de 1.884, ficando nesse cargo de 1.884 a 1.885 Foi também promotor público da comarca de Cavalcante de 13 de outubro de 1.885 a 1.888, sendo que em 20 de agosto de 1.887 o mesmo recebeu uma licença de 60 dias, sendo depois acrescentados mais 90 dias para tratamento da saúde, que já se encontrava debilitada, retornando à Comarca de Formoza da Imperatriz onde exerceu essa função de 1.890 a 1.893.
Percebemos no jornal O Publicador Goyano de 24 de outubro de 1885, onde o mesmo dirige aos membros da capital de Goyaz despedindo-se de todas as pessoas que o honraram com suas amizades. Agradece pelo acolhimento bondoso e, com saudades, parte para a cidade Formosa da Imperatriz, onde residia, esperando cumprir aqui na região o seu papel de promotor de justiça, que o com muita eficácia.
Em 23 de julho de 1.884, o presidente da Província de Goyaz, de conformidade com a proposta do inspetor geral interino da instrução pública, constante de seu ofício sob nº 122, de 22 de julho de 1.884, resolve nomear suplentes dos inspetores paroquianos e, na Freguezia de Formosa é nomeado o professor João Moreira Ribeiro.
João Moreira também foi fiscal da Câmara de Vereadores em 1.889, procurador de partes em juízo de 1.864 a 1.883, promotor público interino de 1.873 a 1.874, juiz municipal de 1.881 a 1.882, juiz de paz em 1.883 e defensor no júri de 1.871 a 1.889.
Das curiosidades, o professor João Moreira, no dia 05 de maio de 1.881 embarcou, como passageiro, no porto de Santos, no paquete (navio de luxo de grande velocidade) S. José, tendo como comandante o 1º tenente Luiz de Oliveira Mello.
No jornal O Publicador Goyano de 10 de abril de 1.886, João Moreira faz um desabafo onde se refere ao descaso da maioria da imprensa, o qual irei redigir na gramática atual, estando aqui ao lado o original.
Formosa
Ó tempora ó mores!
(começa citando uma frase de Cícero no quarto livro de sua segunda oração contra Verres e primeira oração contra Catilina que é traduzida como Oh, os tempos! Ah, os costumes!)
Já se foi esse belo tempo em que para se fazer valer uma coisa como verdade, bastava dizer-se: vi na primeira página do jornal! Mas hoje... hoje a imprensa se tem por tal forma prostituido, e com especialidade alguns jornais se tem empenhado em desprestigiar a grande obra de Gutemberg, que de escola útil que era, vai-se mudando a coluna de pedra que era, das reputações mais bem colocadas. Devem os jornalistas honestos e honrados cortar esses membros corruptos, jogando-os no lixo (compactando-os). Alguém, por um folheto calunioso que gira nesse estado, tem se lembrado de procurar denegrir a reputação do Exmº Sr. Desembargador Julio, servindo-se de minha obsoleta pessoa para alvo de falsidades que devem fazer corar de vergonha os seus autores; mentirosos! O Sr. Desembargador não me serviu em um só dos pedidos que lhe fiz, nem tampouco ao meu distinto e leal amigo Sr. Adelino de Aguiar, visto que fui nomeado promotor público na comarca de Formosa, na situação liberal, e receando ser demitido com a mudança de situação, empenhei-me unicamente para ser conservado no mesmo lugar, pois não convinha e nem convém em outra parte, preferia minha demissão do que ser removido. Por empenhos de alguns amigos, aceitei ser removido para Cavalcante, onde julgavam minha presença ser útil na ocasião. Quem fez favor fui eu, não recebi porque, a única coisa que pedi, não puderam me conceder. Como pois podem dizer descaradamente: O Desembargador Julio recebeu um cavalo e um conto de réis para me fazer promotor de Cavalcante! Pagamos para nos contrariarem! Ora, não fiz tal coisa, senhores de Goyaz, entretanto, eu tenho muito que dizer em resposta a seus fingimentos e inverdades, então seria melhor que não mexessem comigo.
O Sr. Desembargador Julio sabe: desprezai-os.
João Moreira Ribeiro.
Percebe-se seu vasto conhecimento em questões de leis e, foi durante o seu mandato que, em 09 de julho de 1.881, a comarca de Formoza da Imperatriz foi declarada como de 1ª entrância.
Faleceu no dia 15 de janeiro de 1.894.
Este ilustre professor tem seu nome denominando uma das ruas ligadas à rua Visconde de Porto Seguro.
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