quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

01 de novembro de 1.903 a 02 de setembro de 1.905 - Francisco Caraciolo de Sousa Lobo

O jovem FRANCISCO CARACIOLO DE SOUSA LÔBO nasceu em 1.873, era o quarto filho do Tenente Coronel Paulino de Sousa Lôbo e Carolina Alves do Nascimento. De uma família muito influente, eram seus irmãos: major Paulino de Sousa Lobo, Luíza de Sousa Lobo, Maria Altina de Sousa Lobo, José Paulino de Sousa Lobo, Tertulina de Sousa Lobo, Augusto Fenelon de Sousa Lobo, Clarinda de Sousa Lobo, Joana e Felipe. Francisco Caraciolo casou-se em 21 de abril de 1.900 com Maria das Dores Chaves com quem teve os filhos Francisco Augusto Lobo, Tertulina José Lobo, Clarinda de Sousa Lobo e Antonieta de Sousa Lobo. Faleceu no dia 25 de julho de 1.910, aos 37 anos de idade.

Em linha parental, Francisco Caraciolo de Sousa Lôbo era primo de Francisco Alexandrino Lobo, todos netos de Margarida Pontes de Sousa Lobo com Francisco de Paula Guimarães. Tantos outros parentes contribuíram para o desenvolvimento de nossa cidade e até hoje colaboram de forma efusiva na manutenção dessa grande cidade que é Formosa Goiás!

Uma alerta a quem deseja pesquisar mais sobre Caraciolo Lôbo, geralmente ele assinava Souza (com z).

Resumidamente, Francisco Caraciolo de Sousa Lôbo, foi Conselheiro Municipal, de 1900 a 1903; Intendente Municipal, de 1903 a 1905; Contador e partidor em 1909. 

Em 1.892, Francisco Caraciolo de Sousa Lobo esteve envolvido (não por conta própria) de um rolo de terras nas fazendas Mestre d'Armas, Matto Grosso e Bom Sucesso (atualmente parte de Sobradinho, Planaltina DF e área do Exército de Formosa). O seu envolvimento se deu ao comprar, em 7 de janeiro de 1.891 uma parte desse terreno das mãos de Manoel Aventino da Silva e sua mulher que, escondendo o título, vendeu essas terras também  ao cidadão Eduardo Rodrigues Chaves.

Em 1.900, foram Conselheiros Municipais: Antonio Perillo, Honorio de Sousa Lobo, Antonio da Costa Pinto, Leolino Cesar de Sousa, Francisco Caraciolo de Sousa Lôbo, Fábio Sciencia e Manoel Pereira dos Santos, eleitos em 15 de dezembro de 1.899, para o quatriênio de 1.900 e 1.903; sendo eleitos, na mesma ocasião, para o cargo de Intendente municipal - José Jacintho de Almeida e para Vice-Intendentes - Paulino de Sousa Lobo, Eliziário Rodrigues Chaves e Ernesto Amado da Silva.
Em sessão preparatória do Conselho Municipal, a 30 de janeiro, foram reconhecidos os Conselheiros eleitos, a 15 de dezembro, os quais prestaram o respectivo compromisso, nessa mesma sessão. Foi instalado o Conselho Municipal, na sessão solene de 19 de fevereiro. 

Foi de autoria do Conselheiro Francisco Caraciolo de Sousa Lobo o projeto de construir uma ponte sobre o ribeirão Samambaia, projeto esse apresentado na sessão de 13 de janeiro de 1.901.

Em 26 de maio de 1.902, como conselheiro municipal (vereador), tendo o seu primo major Honório de Sousa Lôbo como presidente do Conselho Municipal, Francisco Caraciolo de Sousa Lobo encaminha à Câmara de Deputados uma opção de melhoria para a educação formosense conforme segue:
<<Ilustres cidadãos presidente e mais membros da Câmara dos Deputados do Estado.>>
O Conselho Municipal desta cidade, reunido em sessão extraordinária, resolveu unanimemente dirigir-vos a presente representação, feita em nome do povo, do qual é mandatário afim de fazer-vos um pedido, cuja satisfação interessa diretamente a todo o Estado, que dignamente representas.
Trata-se aqui por iniciativa particular, sugerida pelo muito digno vigário desta paróquia reverendo padre Trajano Balduino de Souza, da criação de um colégio dirigido pelos reverendos padres salesianos, cujo superior no Brasil, consultado a respeito, já deu resposta favorável a esse importante desideratum (objeto de desejo).
Realizada uma subscrição entre as principais pessoas do município, tem-se já obtido quantia necessária para aquisição de um prédio, onde possa funcionar o colégio com as necessárias acomodações; mas como isso só não baste para criação de um estabelecimento dessa natureza e sendo o município fraco para por si só levar a efeito uma obra de tamanha monta; vem este Conselho solicitar de vós um auxílio da quantia de seis contos de réis, que são necessários para levar-se a termo uma empresa de tanta utilidade para esta parte do Estado e em geral para quase todos os seus municípios; nenhum dos quais possui antes um estabelecimento de instrução secundária, com grave prejuízo para os seus filhos, muitos deles dotados das melhores aptidões para as letras e para as artes e que entretanto nada podem conseguir devido a uma possibilidade de cultivarem as suas faculdades, por carência absoluta de meios para procurarem o pão da instrução em outros Estados longínquos, onde, ainda assim nem sempre os seus esforços são coroados de bom êxito.
Bem sabeis, ilustres senhores representantes do Estado, quão grande é a necessidade que tem a nossa terra de difundir a instrução entre os seus filhos. 
O Estado só possui um estabelecimento de instrução secundária na capital - o Lyceu que está longe de corresponder às necessidades de todos os seus habitantes.
Com a criação de outros nos pontos principais do Estado, ou mesmo na capital, quanto ônus não acarretaria para os cofres públicos?
Entretanto que, com uma pequena soma, como a que se pede atendendo-se à magnitude do assunto, podem os poderes do Estado fazer com que não aborte uma empresa de tal natureza, nascida da boa vontade de alguns Municípios e que para sua realização apenas pede um auxílio ao Estado, o qual, em última análise, vem a ser o auxiliado, porque grande cópia dos benefícios daí resultantes virá a pertencer-lhe, por quanto, não é somente o município de Formosa e os circunvizinhos que podem lucrar com esse instituto de ensino, todo o Estado terá o seu quinhão nos louros que forem colhidos.
Vós criastes uma Faculdade de Direito, que deverá ser instalada na Capital, a qual, para que dê resultado, é mister que existam estabelecimentos de instrução secundária, onde se preparem os alunos para o curso superior da mesma; e o que agora se projeta poderá mais tarde gozar das prerrogativas concedidas aos colégios equiparados ao Seminário Nacional, o que não será difícil, atendendo-se a que os salesianos, educadores de primeira ordem como são, podem conseguir nivelá-los a outros estabelecimentos congêneres, que já gozam desse favor.
Finalmente, seria ocioso que este Conselho tentasse, perante tão esclarecidas inteligências, encarecer mais a necessidade da difusão da instrução em nosso caro Estado, essa ilustrada corporação sabe melhor apreciá-la. Por isso só lhe resta apelar para o patriotismo nunca desmentido e sempre crescente dos representantes do Estado de Goyaz, afim de que convertam em lei o justo pedido que vem de fazer este Município, representado pelo seu Conselho, concedendo ao mesmo um auxílio de 6:000$; quanto lhe basta para complemento da quantia necessária para levar a efeito o seu importantíssimo empreendimento, digno de merecer os favores dos poderes públicos do Estado.
Paço do Conselho Municipal de Formosa, 26 de Maio de 1902
O presidente, Honório de Souza Lobo.
- O secretário, Francisco Caraciolo de Souza Lobo
- Os membros, Fortunato Roque de Oliveira, Manoel Alves Vianna, Clarindo Augusto Pereira, Deolindo José de Menezes e Leovigildo do Amaral Durães. 
Esta petição, quando atendida, fez com que surgisse em nossa cidade o grandioso Ginásio Arquidiocesano do Planalto.

Na construção da primeira Matriz de Nossa Senhora da Conceição, quando adoeceu o sr. Aleixo Gonçalves, morrendo a 26 de julho de 1.901 e, com isso, ficaram os trabalhos parados, até que, em 1901, sendo o Pe. Francisco Xavier Savelli substituído pelo Pe. Trajano Balduino de Sousa, este, em 9 de fevereiro de 1902, organizou nova comissão para concluir a construção interrompida. 
Compunha-se esta comissão de um Presidente - Dr. Emilio Francisco Povoa; de um Tesoureiro - Ten. Cel. Francisco Alexandrino Lobo; de um Secretário - Paulino de Sousa Lobo; de sete membros: Antonio Dutra, Valeriano Rodrigues de Castro, Herculano José de Oliveira, Modesto Moreira, Antonio da Costa Pinto, Olympio Jacintho de Almeida e Francisco Caraciolo de Sousa Lobo; e finalmente, do Rev. Vigário da freguesia, Pe. Trajano Balduino de Sousa, que era o Presidente de honra e o seu supremo mentor, tomando parte em todas as suas reuniões e deliberações, sempre que estivesse presente na cidade. 
Esta comissão encontrou a igreja coberta e o altar-mor quase concluído. 
Prosseguindo as obras, o marceneiro - João Marfil Hespanhol acabou o altar-mór, o arco central, começados por Aleixo Gonçalves e fez o pulpito. 
O assoalho foi feito de empreitada por João Mariano de Deus, que nesse serviço empregou diversos carpinteiros. 
O serviço de tintas foi executado pelo pintor - Francisco Pinheiro.
A administração desses últimos serviços esteve sempre a cargo do Cel. Antonio Dutra, cuja energia superou todas as dificuldades. 
Foi essa comissão que levou a efeito a construção da nova matriz, começada em 1879, por homens ilustres, que não alcançaram a sua instalação. 
Foi a matriz atual de Formosa benta e instalada, a 8 de dezembro de 1904, com grande solenidade, pelo Vigário da Freguesia, Pe. Trajano Balduino de Sousa, acolitado pelos Padres - Ramiro de Campos Meirelles e Domingos de Moraes Sarmento. 

Em 23 de outubro de 1.903 foram eleitos e reconhecidos os Conselheiros: Honório de Sousa Lobo, José Fernandes de Sousa, Olympio de Mello Alvares, Othilio Segismundo Rocha, Fortunato Roque de Oliveira, Izaias Pereira da Costa e João Alves de Sousa Jóca; para Intendente Municipal, foi eleito - Francisco Caraciolo de Sousa Lobo e para vice-Intendentes - Olympio Jacintho, Firmino do Amaral Bragança e Manoel Alves de Sousa. 

O mandato de Francisco Caraciolo de Sousa Lobo não foi dos mais favoráveis e, não conseguimos encontrar registros de grandes fatos, entretanto houve o gasto de praticamente toda a receita. Um dos fatos foi o pagamento de 1:600$000 para indenizar o ex-intendente José Jacintho de Almeida uma importância que lhe devia o município. Para o pagamento dessa dívida, o intendente Francisco Caraciolo de Sousa Lobo contraiu uma das tantas dívidas com o Estado de Goyaz.

A crise se instalou de tal maneira, que em 26 de maio de 1.905, o conselheiro Olympio de Mello propôs que se representasse ao Presidente do Estado, solicitando providências no sentido de passarem a ser mantidas pelo Governo do Estado as duas escolas, dos sexos masculino e feminino, desta cidade, em vista das grandes dificuldades com que estava lutando este município, pela diminuição de suas rendas, vindo já de longe o atraso de pagamento de seus empregados. Aprovada unanimemente essa indicação, o Conselho fez a representação ao Presidente do Estado.

Aproveitando da situação precária do município, Frei Manoel Wolzstyniak, superior dos Dominicanos desta cidade, apresenta um requerimento datado de 10 de junho de 1.905, pedindo isenção do imposto sobre a concessão de quatorze mil metros quadrados de terreno devoluto, para sede de uma casa conventual, que pretendia  construir na rua 1º de janeiro desta cidade; a concessão do uso privado das águas do Abreu, obrigando-se pela abertura do rêgo e meios de conseguir a permanência das mesmas, cedendo as sobras à população. Esse requerimento foi às comissões reunidas, de obras públicas e petições, que, na sessão seguinte, apresentaram o seu parecer, que foi aprovado. Cabe aqui então perceber que primeiramente o município passa a ter o déficit de 700$000 anual por conta do impostos e, sem dizer da água do Abreu que passa a ser uma crise hídrica que, em 1.912 já estava bastante acirrada em nosso município.

Na sessão de 2 de setembro de 1.905, foi lido um ofício do Intendente Municipal, Francisco Caraciolo de Sousa Lobo, renunciando o cargo, pelo que foi designado o dia 2 de outubro próximo, para eleição de Intendente Municipal e de um Conselheiro, na vaga aberta pela renúncia de Fortunato Roque de Oliveira.
Em 2 de novembro, foi apurada a eleição para Intendente Municipal e um Conselheiro, sendo eleitos: Intendente Municipal - José Fernandes de Sousa e Conselheiro - Leolino César de Sousa e Felippe Ferreira das Neves.

Não foram tantos os fatos marcantes deste "Lôbo" e, foi o único "Lôbo" formosense a "pedir arrêgo" do compromisso para o qual fora designado.

Faleceu prematuramente, aos 37 anos de idade, em 25 de julho de 1.910. Não foi encontrado lápide do mesmo no cemitério municipal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário