sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

30 de outubro de 1.930 a 23 de setembro de 1.933 - Tenente Moysés Perôtto


O Tenente Moysés Perôtto nasceu em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, em 31 de dezembro de 1.897, filho de Victor Perotto e dona Maria Perotto. Casou-se em 27 de agosto de 1.927 com a professora Ondina de Sousa Lobo, filha do major Honório de Sousa Lobo, com quem teve os filhos Milton (Perotinho), Mirza, Mírian, Moisés Perotto Filho e Vitor. Faleceu em Goiânia no dia 19 de abril de 1.984. Foi prefeito na cidade de Formosa entre 30 de outubro de 1.930 a 23 de setembro de 1.933.

Moysés Perôto foi oficial da Brigada Militar do Rio Grande do Sul no posto de primeiro-tenente e, foi através de sua competência militar que ele veio para Formosa no intuito de combater a fatídica Coluna Prestes (os Revoltosos) que tanta dor e infelicidade causou ao nosso povo goiano. 

Foi em Formosa que conheceu a bela Ondina de Sousa Lobo (após o casamento ficou como Ondina Lôbo Perotto), filha de Honório e sobrinha do ex-governador Herculano de Sousa Lobo


Aqui nós temos pela primeira vez o nome prefeito de Formosa, visto que anteriormente a nossa cidade era governada por intendentes. Ainda não era como prefeito eleito, mas sim como prefeito nomeado através do Decreto nº 38, de 30 de outubro de 1.930.


No Registro dos Prefeitos Municipais, já diz que foi o primeiro prefeito municipal após o triunfo do movimento revolucionário de Outubro de 1.930. Foi um prefeito de grandes obras, sendo o primeiro prefeito a encascalhar as ruas da cidade, uma vez que não havia condições técnicas de asfaltamento na época e no local. Seguindo o projeto do ex intendente José Collecto de Melo, inaugurou uma usina hidroelétrica em Formosa, entre tantos outros serviços. 

No âmbito estadual, Moysés Perôtto foi diretor-geral de Pessoal da Secretaria da Fazenda no Estado de Goiás. Gerente geral do Grande Hotel de Goiânia, de propriedade do Estado de Goiás, funcionário do Banco do Brasil na função de avaliador, e presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Goiás. 

Mesmo não tendo nascido aqui, Moysés dedicou-se em Formosa ao comércio de imóveis e a criação de gado bovino nas propriedades de seu sogro Honório de Sousa Lobo. Foi detentor da concessão para a conservação e cobrança de pedágio de um trecho da estrada de automóveis que ligava Luziânia a Formosa, um fato raro em Goiás para a época. A conservação se dava ao poder de enxadas, pás, picaretas e enxadões. 

Em 1.933, representando Formosa, participou da cerimônia de lançamento da Pedra Fundamental de Goiânia. Em 1.934, foi o primeiro corretor de imóveis a efetuar venda dos lotes urbanos de Goiânia, autorizado pelo então interventor, o médico Dr. Pedro Ludovico Teixeira. Sócio-fundador do Jóquei Clube de Goiás, da Sociedade Agropecuária de Goiás, do Banco Agropecuário, do Banco do Estado de Goiás, da Rádio Brasil Central. Membro da Direção e um dos fundadores da Federação da Indústria do Estado de Goiás. Um dos fundadores e primeiro presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Goiás, hoje, Conselho Regional dos Corretores de Imóveis - CRECI. Estas informações foram prestadas pelo seu filho Nilton Perotto, “o Perotinho”.

Como prefeito de Formosa, segue abaixo o resumo de todos os decretos e leis sancionados por ele, contando que a primeira folha é a foto que está acima, com os dados dele.



Entre os fatos mais marcantes estão:
- Decreto nº 11, de 30/01/1931 - denomina como "João Pessoa" a rua "Visconde do Porto Seguro". Essa nomeação não pegou, tanto que até hoje a rua continua com o nome de Rua Visconde de Porto Seguro.

Decreto nº 16A, de 11/04/1931 - fixa o preço de carne, toucinho e açúcar e estabelece multa para os infratores. Essa foi uma decisão importante para evitar o aumento e a infração contínua desses alimentos.

Decreto nº 17, de 13/04/1931 - autoriza a publicação do expediente no Jornal "Lavoura e Comércio" de Uberaba. Uma dúvida, não teria um jornal mais perto para publicar o expediente?

Decreto nº 23, de 20/05/1931 - aprova a planta da Cidade executada pelo agrimensor Benigno Ribeiro.

Decreto nº 37, de 01/09/1931 - cria o Campo e Pouso de Aviões.

Decreto nº 38, de 02/12/1931 - cassa as licenças concedidas para abertura de açougues; centraliza o comércio da carne no açougue municipal, estabelece obrigações e regula o comércio de carne para consumo local. Aqui foi uma decisão muito importante em uma época onde as especulações sobre a venda da carne em Formosa era algo que estava ficando inadmissível. O valor alto, bem como a entrega de carnes somente para as famílias "favoritas". Ao estatizar a venda da carne, tanto o preço da carne abaixou, quanto todas as famílias tiveram acesso.

Decreto nº 51, de 30/03/1932 - diante das dificuldades surgidas com o Decreto Estadual nº 1858, de 01/02/1932, reduz vencimentos, cargos e toma outras providências para obter equilíbrio orçamentário.

Decreto nº 54, de 30/04/1932 - cria o "Boletim Semanal da Prefeitura" e regulamenta a sua publicação. Nas pesquisas, não localizamos nenhum desses boletins.

Decreto nº 60, de 02/05/1932 - denomina "Americano do Brasil", a Escola Primária Feminina. Essa denominação é em homenagem ao sr. Evandro Americano do Brasil, pai de Ademar Americano do Brasil que casou-se com Elza Lobo. Juntos eles tiveram os filhos Ademar Filho, Paulo Roberto, Vera Maria, Edna Lobo (casada com Eduardo de Sousa Lobo com quem teve os filhos Maria d'Abadia, Geraldo, Rosamaria, Augusta, Ângela e Edna, alguns ainda vivos).

Decreto nº 93, de 19/12/1932 - autoriza a construção do Matadouro Municipal e dá instruções para esse fim

Decreto nº 17/114, de 31/07/1933 - autoriza contratar civis para reforço do destacamento policial.

Decreto nº 18/115, de 05/08/1933 - concede a João Gebrim terreno para construção de um Asilo para Mendigos.  


Durante a gestão, transferiu o governo para outros conforme a sequência abaixo:
- de 07/07/1.931 a 28/07/1931 - Dário Antônio de Oliveira;
- de 18 a 23/02/1.932 - Rachid Saad;
- de 23/02/1.932 a 14/03/1932 - Dário Antônio de Oliveira;
- de 20/08/1932 a 25/08/1932 - Bacharel Francisco Lôbo;
- de 17/11/1932 a 19/12/1932 e de 14/01/1933 a 10/02/1933 - Amaro Juvenal de Almeida (Encarregado dos Negócios Municipais);

Poucas informações foram encontradas sobre ele nos jornais, mas algumas que localizamos estaremos disponibilizando.

No DIÁRIO DE NOTÍCIAS (RJ) de 7 de maio de 1.931, diz que prosseguem ativamente os serviços de instalação da luz elétrica nesta cidade de Formosa. Já estão sendo feitas as instalações particulares e a instalação da iluminação pública será feita imediatamente, tão depressa o estado das estradas permita o transporte dos postes para esse fim necessário. O sr. Moysés Perotto, enérgico e operoso prefeito deste município, com quem falamos, nos assegurou que espera poder inaugurar esse grande melhoramento dentro de 2 ou 3 meses.

No jornal VOZ DO POVO (GO) de 16 de abril de 1.933, percebemos que a composição do Partido Social Republicano tinha como diretório e filiados em Formosa os senhores: Joaquim Gomes de Ornellas, Moisés Perotto, Honório de Souza Lomo, Enéas Wilson Barreto, José Anchieta Lobo, Antônio Jonas de Castro, Abneres de Moura Telles, Orlando de Castro, dr. João Jacintho de Almeida, Abílio Guimarães, Olimpio Jacintho, João de Oliveira Dico, Olívio José Cardoso, Manoel Corrêa, Pedro José Fernandes, Domingos José de Paiva, Manoel Alves Ferreira e Pedro José Fernandes.

Aqui fica essa homenagem a esse gaúcho que adentrou-se à família Lobo e trouxe grandes contribuições para a nossa cidade!!!

Um comentário:

  1. Muito bom. Já sabia sobre o mesmo, pois o professor Ribeiro (Antônio Ribeiro Jr.), o mencionava em suas aulas, com altos elogios à sua administração e honradez.
    Na verdade, oficialmente a denominação de Prefeito Municipal surgiu na Constituição de 1.934, repetida na de 37 e 46. Mas, antes o termo foi usado pelos interventores estaduais, após a revolução de 30. Antes, o comando político dos municípios era do intendente municipal, porém, a administração era do Conselho Municipal, eleito pelo povo. O conselho elegia o seu presidente que era, de fato, o administrador. Portanto, naquela época, era o
    sistema parlamentarista municipal.
    Novidade prá mim, foi ver o nome do meu avô (Joaquim Gomes Ornelas), como membro de partido político, ao lado de importantes figuras de Formosa.
    Abs. Meu ilustre amigo.

    Joaquim Dilton Ornelas

    Ps.: Achei importante compartilhar esse comentário aqui...

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