O Coronel Francisco Alexandrino Lobo, filho de Fidêncio de Sousa Lôbo e Francisca Alexandrina da Costa Pinto, nasceu em Formosa, no dia 21 de fevereiro de 1.856 e aqui faleceu no dia 21 de fevereiro de 1.912. Era o quarto filho do casal que também teve os demais filhos: José Fidêncio de Sousa Lobo, major Honório de Sousa Lobo, Herculano de Sousa Lobo, Joana de Sousa Lobo, Adelaide de Sousa Lobo, Altina de Sousa Lobo e José de Sousa Lobo. Casou-se com a negra Áurea Rodrigues Pimentel, com quem teve, entre outros filhos, o que também foi Intendente Municipal, sr. Francisco Hugo Lôbo.
Francisco Alexandrino Lobo teve com a negra Áurea Rodrigues Pimentel os filhos: Francisco Hugo Lobo, Francisca Clementina Lobo a "Chiqueza" e Francisca (da Ressurreição) Lobo Guimarães, a Inhazinha".
Inolvidável formosense, militar e sustentáculo da ordem e do progresso de Formosa, teve sua vida dedicada principalmente ao Serviço Público.
Sua carreira pública pode ser assim descrita:
- Secretário da Câmara Municipal, de 1.878 a 8 de outubro de 1.887;
- Escrivão da Coletoria Provincial, de 1.879 a 1.881 e em 1.887;
- Curador Geral de Órfãos, em data aproximada a 1.887;
- Adjunto de promotor público em 1.887 e 1.888;
- Participante do Governo Provisório, cargo que assumiu em 13 de dezembro de 1.889, estando a frente do respectivo Governo de 08 de abril a 21 de junho de 1.890;
- Defensor do Juri de 1.889 a 1.900;
- Delegado de Polícia por ato de 26 de março de 1890, exonerado a pedido em 18 de dezembro de 1.900;
- Presidente do Conselho Municipal de Intendência em 1.891.
Como cidadão, também percebemos que ele foi grande comerciante, negociador de fazendas, criador de gado na Fazenda Lambari, além de católico praticante e extremamente fervoroso. Alexandrino Lôbo também foi co-fundador do Club Patriótico de Instrução e Progresso. Percebe-se uma citação do mesmo como Tesoureiro do Conselho da Fábrica Sampaio, Oliveira & Cia. Alexandrino também foi músico da Corporação Musical 24 de Dezembro, sendo discípulo direto do seu fundador, Antônio Martins, que aqui chegou em 1.873.
Como católico, consta na história formosense uma inevitável participação na construção da primeira igreja matriz de N.S. da Conceição.
Houve uma sessão extraordinária da Câmara Municipal em 23 de abril de 1.879, na qual o Presidente - Mathias de Oliveira Barreto, comunicou aos seus pares acharem-se à disposição da Câmara as quantias pertencentes às devoções de N.S. da Abbadia, Rosário e São Sebastião, assim como, havendo uma subscrição com o fim de tudo isso ser aplicado na construção de uma nova matriz, nesta cidade, sob a invocação de N.S. da Conceição, devia-se providenciar para levar a efeito essa obra. Pediu a palavra o Vereador João Moreira Ribeiro, que fez considerações sobre a conveniência de levar-se a efeito, quanto antes, aquela obra, propondo que desde já se requisitasse do Juízo da Provedoria autorização para o levantamento das quantias pertencentes às devoções e destinadas para a construção da matriz, que por ordem do Juiz de Direito da comarca foram recolhidas à Tesouraria Geral; propôs a nomeação de uma comissão que se encarregasse da gerência da obra, sendo para ela indicados os nomes dos Srs. Ten. Cel. Paulino de Sousa Lôbo, para Presidente, e Honorio de Sousa Lôbo e Vigilato Fernandes de Sousa. Essas propostas foram unanimemente aprovadas.
As obras da nova matriz tiveram começo em 1.879, sendo Diretor e Tesoureiro o Sr. Ten. Cel. Paulino de Sousa Lôbo.
Por morte deste, em 26 de agosto de 1882, ficaram parados os serviços da igreja, até que, assumindo a direção da freguesia o Pro-Pároco - Francisco Xavier Savelli, este, em data de 19 de abril de 1.896, organizou uma comissão, que tinha por fim promover os festejos da semana santa, no ano de 1.897, e o andamento das obras da nova matriz.
Essa comissão se compunha dos Srs. Cel. Vigilato Fernandes de Sousa - Presidente; Ten. Cel. Francisco Alexandrino Lobo - Tesoureiro; Ten. Cel. José Jacintho de Almeida - Secretário; e membros: Cel. Valeriano Rodrigues de Castro, Dr. Emilio Francisco Povoa e Cel. Antonio Dutra.
Nessa mesma data, 19 de abril de 1.896, a comissão deliberou, para consecução dos trabalhos da nova matriz, nomear pessoas idôneas para angariarem donativos em toda freguesia, empregando todos os meios ao seu alcance para obtenção de esmolas, como sejam leilões mensais, folias, etc.; e que estas deliberações seriam executadas quanto antes.
Da ata da 8ª sessão da comissão, em 9 de maio de 1.897, consta ter o membro - Cel. Antonio Dutra deixado voluntariamente de fazer parte da comissão, tendo sido substituído por Arthur Abdon Povoa. Consta mais da mesma ata que foram admitidos como suplentes dos membros da comissão os Srs. Antonio da Costa Pinto, José Alves Vianna Lobo e Paulino de Sousa Lobo; que, feita a eleição de nova diretoria, foram eleitos: José Jacintho de Almeida - Presidente; Valeriano Rodrigues de Castro - Vice-Presidente: Francisco Alexandrino Lobo - Tesoureiro; e Arthur Abdon Povoa - Secretário; e que foram incumbidos os membros - Francisco Alexandrino Lobo e Valeriano Rodrigues de Castro: este de fazer aquisição de táboas para portas e janelas e aquele de telhas.
Em 11 de julho de 1.897, fora o Pro-Pároco, Pe. Francisco Savelli, encarregado pela comissão de dirigir os trabalhos da nova matriz, ficando o membro Ten. Cel. Francisco Alexandrino Lobo incumbido de contratar os trabalhadores e o membro Cap.m Antonio da Costa Pinto, de obter as madeiras necessárias para os andaimes e barracão.
Para mestre de obra foi convidado - Aleixo Gonçalves, bom carpinteiro, da cidade de Bomfim (Silvânia GO), o qual veio e satisfez o que lhe cumpria executar.
Em 5 de setembro de 1897, deliberou a comissão suspender os trabalhos, até o mês de abril de 1.898.
Na sessão de 13 de março de 1.898, deixaram de fazer parte da comissão, voluntariamente, os membros - Dr. Emilio Francisco Povoa e Arthur Abdon Povoa.
Em vista disso, resolveram os demais membros continuar no exercício de suas funções, sem preencher a vaga aberta, uma vez que nas sessões se verificasse a presença de quatro membros, inclusive suplentes; fazendo-se, entretanto, eleição de Secretário para substituir o membro - Arthur Abdon Povoa, que ocupava esse lugar. Feita a eleição, foi eleito por maioria absoluta de votos - José Alves Vianna Lobo, que em ato contínuo tomou pose do cargo e passou a exercê-lo.
Na sessão de 10 de maio de 1.898, o Tesoureiro da comissão, Ten. Cel. Francisco Alexandrino Lobo, apresentou as contas relativas ao ano de 1.897 a 1.898, verificando-se a receita de 11:637S600 e a despesa de 7:844$610, ficando um saldo de 3:792$990, a favor da Igreja. Estas contas foram unanimemente aprovadas.
Nesta fase de prosseguimento das obras da nova matriz, esteve sempre administrando-as o Major Honório de Sousa Lôbo, que bons serviços prestou. Algum tempo depois, adoeceu Aleixo Gonçalves e morreu a 26 de julho de 1.901.
Com isso, ficaram os trabalhos parados, até que, em 1.901, sendo o Pe. Francisco Xavier Savelli substituído pelo Pe. Trajano Balduino de Sousa, este, em 9 de fevereiro de 1.902, organizou nova comissão para concluir a construção interrompida.
Compunha-se esta comissão de um Presidente - Dr. Emilio Francisco Povoa; de um Tesoureiro - Ten. Cel. Francisco Alexandrino Lobo; de um Secretário - Paulino de Sousa Lobo; de sete membros: Antonio Dutra, Valeriano Rodrigues de Castro, Herculano José de Oliveira, Modesto Moreira, Antonio da Costa Pinto, Olympio Jacintho de Almeida e Francisco Caraciolo de Sousa Lobo; e finalmente, do Rev. Vigário da freguesia, Pe. Trajano Balduino de Sousa, que era o Presidente de honra e o seu supremo mentor, tomando parte em todas as suas reuniões e deliberações, sempre que estivesse presente na cidade.
Esta comissão encontrou a igreja coberta e o altar-mor quase concluído.
Prosseguindo as obras, o marceneiro - João Marfil Hespanhol acabou o altar-mór, o arco central, começados por Aleixo Gonçalves e fez o púlpito. O assoalho foi feito de empreitada por João Mariano de Deus, que nesse serviço empregou diversos carpinteiros. O serviço de tintas foi executado pelo pintor - Francisco Pinheiro. A administração desses últimos serviços esteve sempre a cargo do Cel. Antonio Dutra, cuja energia superou todas as dificuldades.
Foi essa comissão que levou a efeito a construção da nova matriz, começada em 1.879, por homens ilustres, que não alcançaram a sua instalação.
Foi a matriz atual de Formosa benta e instalada, a 8 de dezembro de 1.904, com grande solenidade, pelo Vigário da Freguesia, Pe. Trajano Balduino de Sousa, acolitado pelos Padres - Ramiro de Campos Meirelles e Domingos de Moraes Sarmento.
Referente à Casa Dominicana, Olympio Jacinto diz que no local do convento dos Frades Dominicanos, havia duas casas, compradas a Modesto Moreira pelo Club União e Progresso, em data de 28 de abril de 1.904. Foi o Club representado pelo seu Vice-Presidente, Dr. Emilio Francisco Povoa e a escritura de compra e venda, lavrada às fls. 108-V e 110-V do 16º Livro de Notas do Tabelião ad hoc — José Theodolino Rocha. Em data de 3 de junho de 1.908, por escritura pública, lavrada às fls. 30-V a 31-V do 18º Livro de Notas do Tabelião Leolino Cesar de Sousa, o Club União e Progresso fez doação dessas duas casas com os terrenos que elas compreendiam, ao Revmo. Frei Manoel Maria Wolzstyniak e aos Dominicanos seus sucessores no convento de Formosa, dando a essas propriedades o valor de seis contos de réis. O aludido Club foi representado pelos seus membros: Cel. Francisco Alexandrino Lobo, Presidente; Cel. Valeriano Rodrigues de Castro, Tesoureiro; Ten. José Theodolino Rocha, Secretário; e membros; Majores Honorio de Sousa Lôbo, Antonio da Costa e José Vianna Lôbo, Eneas Wilson Barreto e Paulino de Sousa Lobo, que assinaram a respectiva escritura pública de doação, sendo assinada também pelo donatário — Revmo. Frei Manoel MariaWolzstyniak, superior do convento de Formosa e Vigário da Paróquia.
Como maçon, data do ano 1.881 a criação da primeira loja maçônica em Formosa. A Loja Amparo dos Desvalidos, nº 400. Ligada ao Grande Oriente Unido foi inaugurada em 13 de janeiro de 1.881. Dois anos depois, em 18 de janeiro de 1883 foi incorporada ao Grande Oriente do Brasil, representada por Joaquim Honório Pereira Dutra e Ângelo Rodrigues Chaves, teve o seu templo no Largo dos Passos, hoje Praça Pedro Chaves. A existência desta loja prolongou-se possivelmente até meados de 1.895. Seu último ato foi a doação de uma casa no Largo de Nossa Senhora da Conceição, aos padres Dominicanos para a instalação de um colégio. Tinha como membros:
Ângelo Rodrigues Chaves;
Antônio Dutra;
Bernardo Baptista Francez;
Carlos Blanche;
Professor Donizetti;
Tenente Felipe Jose Correia de Mello;
Francisco Alexandrino Lobo;
Francisco Martins Mundim;
João Moreira Ribeiro;
Joaquim Honório Pereira Dutra;
Miguel Tempôni;
Modesto Moreira;
Valeriano Rodrigues de Castro;
Vicente Paschoal Italiano; e
Vigilato Fernandes de Souza,
Como homem público, percebemos uma grande influência política do mesmo como representante do Império e da República, e citaremos alguns desses eventos aqui.
No Jornal O PUBLICADOR GOYANO, edição 130, possui uma declaração datada de 1º de Agosto de 1.887, que é um tanto curiosa sobre a época em que nosso (capitão) Francisco Alexandrino era Curador Geral de Óphãos. Em resumo, Antônio Carlos de Oliveira Campos declara: Constando-me ter o ex-juiz de direito desta comarca, bacharel João Antunes Correia Lins Wanderley (Sr. Wanderley), dito ao Exmº Sr. Dr. Ramiro e a outras pessoas mais, que eu lhe dissera que o meu amigo capitão Francisco Alexandrino Lobo fabricara uma arma falsa: apresso-me em declarar ao amigo Dr. Ramiro, à toda província e a todo Império - que nunca disse tal coisa ao Sr. Wanderley; é uma indignidade só própria de Wanderley e gente de sua laia.
Segundo parece, quer ele por um meio reprovado, vil e torpe, arredar de sobre si a autoria de um feio crime que aqui praticou.
Como sou o atual juiz de órfãos deste termo e o meu amigo, o honrado capitão Francisco Alexandrino Lobo, curador geral dos órfãos, e como em razão do nosso cargo e a bem da moralidade, demos alguns passos em sentido pouco favorável ao Sr. Wanderley na indigna questão da órfã Rita, na qual figurou miseravelmente, eis o motivo porque aquele homem pretende macular um caráter ilibado.
Sirvam estas palavras de protesto e desmenti-lo-ás asneiras e falsas proposições de um criminoso, juiz corrupto e miserável mentiroso.
Formoza, 1º de Agosto de 1.887.
Antonio Carlos de Oliveira Campos.
Parece mesmo que Francisco Alexandrino Lobo vivia envolto nas mais temidas brigas, nos atos libidinosos e na prisão de corruptos. No JORNAL DO COMMERCIO (RJ), edição 296, datado de 22 de setembro de 1.888, consta uma ocorrência que aconteceu em nossos termos e teve repercussão nacional e acabou na mão do nosso então capitão:
Da cidade da Formosa da Imperatriz escrevem a 22 de Setembro:
Tendo o delegado de polícia recebido uma queixa dada por família residente no Mulungú, a oito léguas de distância, contra o tenente Venancio Gonçalves dos Reis, pelo fato de se haver este apoderado, a título de cobrança, da casa da mesma família, bens, animais, etc., fez passar mandado intimando Venancio para, em 48 horas, e sob pena de desobediência, explicar os atos de violência de que era acusado. Foi entregue o mandado a um oficial de justiça designado adhoc, que sendo praça do destacamento, foi acompanhado por outras duas, assim tendo deliberado o cabo comandante por constar que Venancio estava disposto a cometer desatinos.
Seguindo o oficial de justiça e as duas praças em direção à Mulungú, tomaram caminho diverso do frequentado, encontrando Venancio na localidade denominada Fartura, a três léguas da cidade. Em vez de fazerem a intimação, deram voz de prisão a Venancio. Não obstante não fazer este nenhuma ameaça, o praça Antônio Felix subitamente disparou contra ele um tiro a queima-roupa, empregando-se-lhe a bala no peito direito e subindo pelas costas. Ao cair Venancio, o praça Pedro Nolasco de Almeida desfechou-lhe outro tiro, cravando-se a bala no chão.
Terminada a horrorosa cena, regressou a escolta a esta cidade, onde chegou às 7 da noite, e, em vez de apresentar-se a autoridade, dirigiu-se para a cadeia na qual meteu a ferros um camaradada da vitima que trouxe preso. Depois disso, saiu em giro pela cidade e abordou um camarada, que conduziu para a cadeia.
O Dr. Eugenio Rocha, juiz municipal, servindo como juiz de direito, logo que teve notícia da morte de Venancio, dirigiu-se para a cadeia afim de sindicar do fato, sendo acompanhado pelo promotor público interino, capitão Francisco Alexandrino Lobo. Ao aproximarem-se da cadeia, viram um grupo enorme e ouviram vozes que diziam estarem ali espancando um homem. Então procurando o Dr. Eugenio Rocha, inquirir do fato, o praça Pedro Nolasco, que parecia capitanear o motim, sacou de um ref e tentou ferir o mesmo Dr. Rocha, cobrindo-o de de impropérios, e sendo obstada a realização do criminoso intento pela intervenção do promotor público. Preso Nolasco em flagrante, gritou muitas vezes que, logo que fosse solto, mataria o Dr. Rocha.
Imediatamente foi conduzido Nolasco à presença do juiz municipal, que lavrou o auto de flagrante e interrogou o preso, declarando este que usara de brutalidade com o Dr. Rocha
O delegado de polícia procedeu o corpo de delito no cadaver do tenente Venancio e o inquérito policial. As autoridades estão procedendo nos termos da lei, tendo o Dr. Eugenio Rocha dado notícia dos fatos a presidência da província e ao chefe de polícia. (JORNAL DO COMMERCIO - TERÇA-FEIRA 23 DE OUTUBRO DE 1888, pag 3).
Por outras fontes e jornais, consta que o tenente da Guarda Nacional Venancio Gonçalves dos Reis era genro do major José Rodrigues Chaves e pessoa de inteira confiança, um homem muito de bem, conceituado, prestativo, bom pai de família, que deixou muitos filhos órfãos. Testemunhas do crime disseram que os soldados abriram fogo somente porquê Venâncio não entregou as armas que estava com ele.
Agora sobre a família de Mulungú, sabe-se que um individuo de nome Manoel Antonio, que dizem ser muito velhaco e caloteiro, devia uma importância ao tenente Venâncio, sendo uma dívida muito antiga. Venancio muito se esforçou em receber, até o acontecimento desse dia que, combinado anteriormente de encontrar, ao chegar no sítio, estava somente a mulher de Manoel Antonio e Venancio, mais uma vez frustrado o seu intento, encolerizou-se e passou um grande aperto nessa mulher, motivo da denúncia inicial.
Houve, em 13 de
dezembro de 1.889, uma sessão extraordinária, especial, da Câmara, em que o Presidente
declarou: “Que, recebendo-se por meio de diversas folhas, vindas pelo correio
ora chegado, a notícia da ascensão do partido Republicano Brasileiro,
proHouve, em 13 de dezembro, uma sessão extraordinária, especial, da Câmara, em que o Presidente declarou: “Que, recebendo-se por meio de diversas folhas, vindas pelo correio ora chegado, a notícia da ascensão do partido Republicano Brasileiro, proclamado no Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro próximo passado, pelo General Deodoro, convocou a presente reunião, a fim de que esta Câmara cumprisse o imperioso, dever de aderir ao partido atual, felicitar os chefes do Governo Provisório Central do Rio de Janeiro e os da capital desta Província, reconhecer como poder o mesmo Governo e declarar reconhecida a República Brasileira”. Em ato sucessivo, compareceram os cidadãos: Angelo Rodrigues Chaves, Valeriano Rodrigues de Castro, Felippe José Correia de Mello (Ten. do Exército), João Moreira Ribeiro, Joaquim Honorio Pereira Dutra, Francisco Alexandrino Lobo e Dr. Eugênio Rocha, membros do Governo Provisório Administrativo deste município, eleitos por manifestações populares, e requereram que a Câmara os reconhecesse como membros do Governo local e lhes deferisse juramento, a fim de que, de harmonia com as autoridades constituídas, promovessem tudo quanto fosse necessário, a bem do lugar. Posto a votos, esse requerimento foi aprovado, e os aludidos membros prestaram o juramento cujo termo foi lançado no respectivo Livro, a fls. 27. Terminado esse ato, e achando-se presentes o Club Republicano Formosense e a mor parte do pessoal representativo desta cidade, foi lida uma manifestação, assinada pelos membros juramentados, sendo, nessa ocasião, proclamado o Governo Provisório Administrativo do município de Formosa e levantado calorosos vivas aos membros do Governo Provisório da capital da Província, ao dia 15 de Novembro de 1889 e à República Brasileira. Foram extraídas cópias dessa ata, para serem enviadas ao Governo Provisório Central de Goiás e publicadas no jornal de maior circulação da Província.clamado no Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro próximo passado, pelo
General Deodoro, convocou a presente reunião, a fim de que esta Câmara
cumprisse o imperioso, dever de aderir ao partido atual, felicitar os chefes do
Governo Provisório Central do Rio de Janeiro e os da capital desta Província,
reconhecer como poder o mesmo Governo e declarar reconhecida a República
Brasileira”. Em ato sucessivo, compareceram os cidadãos: Angelo Rodrigues
Chaves, Valeriano Rodrigues de Castro, Felippe José Correia de Mello (Ten. do
Exército), João Moreira Ribeiro, Joaquim Honorio Pereira Dutra, Francisco
Alexandrino Lobo e Dr. Eugênio Rocha, membros do Governo Provisório
Administrativo deste município, eleitos por manifestações populares, e
requereram que a Câmara os reconhecesse como membros do Governo local e lhes
deferisse juramento, a fim de que, de harmonia com as autoridades constituídas,
promovessem tudo quanto fosse necessário, a bem do lugar. Posto a votos, esse
requerimento foi aprovado, e os aludidos membros prestaram o juramento cujo
termo foi lançado no respectivo Livro, a fls. 27. Terminado esse ato, e
achando-se presentes o Club Republicano Formosense e a mor parte do pessoal
representativo desta cidade, foi lida uma manifestação, assinada pelos membros
juramentados, sendo, nessa ocasião, proclamado o Governo Provisório
Administrativo do município de Formosa e levantado calorosos vivas aos membros
do Governo Provisório da capital da Província, ao dia 15 de Novembro de 1889 e
à República Brasileira. Foram extraídas cópias dessa ata, para serem enviadas
ao Governo Provisório Central de Goiás e publicadas no jornal de maior
circulação da Província.
O (capitão) Francisco Alexandrino também foi recomendado como deputado pelo Estado de Goyaz ao eleitorado pelo Partido Cathólico junto com Dr. Felippe Nabuco Pereira de Araujo (Rio Verde) e o Coronel Felippe Furtado de Freitas. (Jornal A TRIBUNA - Quarta-feira, 27 de agoto de 1.890). Entretanto, Francisco Alexandrino Lobo abriu mão da sua candidatura.
Na sessão de 5 de julho de 1.890, em Formosa foi nomeada uma comissão de três membros, para confeccionar um novo Código de Posturas, sendo nomeados: José Jacintho de Almeida, Francisco Alexandrino Lobo e João Moreira Ribeiro.
Cansado da vida política, no jornal GOYAZ de sexta feira, 28 de novembro de 1890, Alexandrino faz a seguinte declaração:
Assistido de motivos, cuja especificação devo guardar, sou forçado a fazer a presente manifestação:
D'ora em diante acho-me completamente afastado da política, pois tenho compreendido que, para não cair em desagrados que me são proporcionados, devo não me envolver em questão política, seja qual for sua natureza, e sim limitar-me apenas ao meu voto.
Se d'algum elemento intelectual eu pudesse dispor, carregaria com as desafeições que ora trato de evitar, pois não me ocuparia tão cedo n'esta manifestação e então procuraria trabalhar - para apresentar qualquer serviço ao meu torrão natal, mas, despido de esperanças, tendo a vista falta mesmo de princípios comuns, nada devo aspirar e sim cuidar d'aquilo que possa interessar-me.
Assim, pois, agradecendo aos amigos o conceito a mim dispensado até aqui, como comerciante ofereço a todos o meu limitado préstimo, que continua na disposição de outr'ora, prometendo cumprir com satisfação as ordens que me forem dadas.
Outrossim, caso alguém conte qualquer desagrado a minha pessoa, nascido da política, peço seja elevado ao lado do esquecimento.
A todos um fraternal aperto de mão.
Formosa, Novembro de 1890.
Francisco Alexandrino Lobo.
Essa notícia foi a nível estadual, entretanto podemos perceber que Francisco Alexandrino Lobo continua participando do Conselho de Intendência Municipal, na cidade de Formosa da Imperatriz, inclusive em algumas vezes como presidente do mesmo.
Em 5 de agosto de 1.891, houve uma reunião extraordinária do Conselho da Intendência, na qual, reunidos os Intendentes Francisco Alexandrino Lobo, Presidente; e os membros Olympio Jacintho de Almeida, Ignacio Pereira de Araujo e José Pereira de Araujo; o Presidente motivou o fim da reunião dizendo ser ela para eles prestarem juramento do cargo, de acordo com o ato de 16 do mês passado, do cidadão Governador do Estado, que cassou os poderes dos membros do Conselho que até então funcionou. Em seguida, todos prestaram o juramento de Intendentes, deixando apenas de o fazer o membro Antonio Jorge Guimarães, por estar de viagem.
Na sessão do Conselho, de 21 de janeiro de 1.892, o Presidente, Francisco Alexandrino Lobo, declarou “que, depois da infausta notícia chegada neste município, do falecimento de Dom Pedro de Alcântara, sendo esta a primeira sessão em que este Conselho conta número para seus trabalhos, propunha que se lançasse na ata de hoje um voto de sincero pesar por esse lamentável acontecimento e assim como suspendia os trabalhos para o dia seguinte”. A proposta foi unanimemente aceita e levantou-se a sessão, sendo a ata assinada pelos Intendentes: Francisco Alexandrino Lobo, Olympio Jacintho de Almeida, Ignacio Pereira de Araújo, José Pereira de Araújo e Antonio Jorge Guimarães, e pelo Secretário José Alves Vianna Lôbo.
Em 22 de janeiro de 1.892, reuniu-se o Conselho e o Presidente, Francisco Alexandrino Lobo, tomando a palavra, disse: “que este Conselho, procurando cumprir com os deveres que lhe são conferidos, tendo unicamente em vista o patriotismo e por conseguinte o bem geral deste município; hoje vê-se na obrigação de dar por findo o exercício de suas funções, visto como existem pensamentos recentes sobre os acontecimentos que atualmente o País conta, isto é, uma série de deposições, sistema político, ultimamente adotado. Entretanto, que sendo, como é, muito sério o compromisso deste Conselho, verdadeiro representante do seu município, tornava-se necessário e coerente o pedido de sua exoneração coletiva, a fim de evitar qualquer fato lamentável, que possa dar-se na execução do que ora se propala; e que por conseguinte é de parecer que fiquem encerrados todos os trabalhos, dirigindo-se ao Governador do Estado o pedido ora exposto”. Disse, mais, “que o Conselho conta com grande maioria de seus munícipes, mas que o brio do funcionário público tem por emblema o desempenho de seus deveres e geral satisfação do povo”. Feita essa exposição, foi ela apoiada e requereu-se ao Governador do Estado a exoneração aludida, ficando levantada a sessão e encerrados os trabalhos do Conselho.
Em 21 de abril de 1.892, funcionou o Conselho, sob a Presidência de Angelo Rodrigues Chaves, com a presença dos Intendentes: Antonio Pereira Dutra, Honorio Pereira Dutra, José Fernandes de Sousa e Antonio da Costa Pinto. O Presidente declarou “ter convocado aquela reunião, para reassumir a Presidência da Intendência deste município, cuja demissão considerava como fazendo parte da matéria estatuída no Art. 2º do Decreto nº 1º, de 22 de fevereiro do corrente ano, que declarou nulos de pleno direito todos os atos do Delegado do Governo Federal, neste Estado, praticados posteriormente à promulgação da Constituição de 1º de junho e a sua publicação no órgão oficial; para cujo fim havia oficiado ao Presidente da mesma Intendência, que o havia substituído, a fim de, reconhecendo o ato do atual Governo deste Estado, fizesse entrega do arquivo e mais papéis atinentes a esta Intendência, havendo por cumprida a sua missão e dos mais membros, como já anteriormente o havia declarado”.
Estando presente o dito Presidente, Francisco Alexandrino Lobo, por este foi declarado que não se opunha ao ato do Governo Estadual, e por isso fazia entrega do arquivo e mais papéis da Intendência, pela mesma forma que os havia recebido. O que de fato se fez. Pelo Presidente, em exercício, foi dito que, em observância do mesmo Art. 2º do Decreto citado, ficaram sem efeitos as demissões e nomeações feitas pela ex Intendência e reintegrados em seus empregos aqueles que foram ilegalmente demitidos. Apesar dessa declaração do Presidente o Secretário, José Alves Vianna Lobo, pediu exoneração do cargo, mas a mesma lhe foi negada.
Entre 1.892 a 1.989, quando por aqui passou a Comissão Crulls, conforme conta Hosannah Guimarães, sabemos que o Plano Piloto, de hoje, ocupa a área que à época era chamada de Larga do Bananal, de propriedade dos irmãos Francisco Alexandrino Lobo e Honório de Souza Lobo, de Formosa-GO. Em visita de apoio à Comissão, que realizava estudos em sua propriedade, o Sr. Francisco juntamente com outras pessoas que o acompanhava, solicitou que se fizessem melhor aproveitamento das folhas secas de Buriti para cobertura dos ranchos, então improvisados, e que poupassem novas árvores, evitando que fossem derrubadas novas palmeiras, retirando somente as folhas mortas, no que foi objetado por um membro da Comissão que, de forma bastante rude desafiava que aquele pedido só poderia ser atendido se ele mesmo (o proprietário) fosse derrubar as folhas. Regressando a Formosa, chocado com a resposta ao seu pedido, Francisco Alexandrino Lobo fez uma representação ao juiz de direito de Goiás, Dr. Marcelo Francisco da Silva. Foi um período de grandes prejuízos para os irmãos Lobo em sua fazenda.
Na sessão de 10 de maio de 1.893, são reconhecidos e proclamados: Intendente Municipal Antonio Dutra, tendo como Suplente Francisco Alexandrino Lobo e Juiz Adjunto Vigilato Fernandes de Sousa, tendo como Suplentes João Nepomuceno Dantas, Valeriano Rodrigues de Castro e Honório Pereira Dutra. Na sessão de 11 de agosto de 1.893, Francisco Alexandrino Lobo oficiou ao Conselho, renunciando o cargo de suplente do Intendente Municipal.
Na sessão de 15 de junho de 1.895, foi apurada a eleição dos Conselheiros que deveriam servir no biênio de 1895 a 1897, sendo eleitos: Francisco Alexandrino Lobo, Eliziário Rodrigues Chaves, Cesário Belarmino, José Baptista Nogueira, Nathanael de Sousa Lôbo, José Fernandes de Sousa e Joaquim Outra; para Intendente Municipal, foi leito Antonio da Costa Pinto.
Nas últimas curiosidades, percebemos também que Francisco Alexandrino Lobo tinha conhecimentos também com medicina, descrito por Olympio Jacintho como Farmacêutico Prático. Na edição 00722, do jornal GOYAZ, de Quarta-feira, 7 de Maio de 1902, na página 3 temos um agradecimento assinado por Antonio da Costa Pinto e Maria Candida da Costa Pinto com o seguinte teor:
Os abaixo assinados, sinceramente gratos a seus amigos e mais pessoas gratas desta cidade, especialmente agora, durante a enfermidade de sua mãe, d. Maria Alves de Jesus, falecida a 6 do corrente mês, vítima de uma violenta e rebelde influenza, vêm, por intermédio deste conceituado jornal, testemunhar o seu reconhecimento, agradecendo não somente aos que visitaram a referida finada durante a sua enfermidade, como aos que fizeram o caridoso obséquio de acompanhar o seu ataúde até o cemitério público desta cidade, e aos srs. tenente coronel Francisco Alexandrino Lobo e major Antonio Albino Pinto de Castro a assistência médica que os mesmos com boa vontade e constância prestaram a mesma.
Agradecem também cordialmente ao ilustre pároco desta freguesia padre Trajano Balduíno de Souza os últimos socorros espirituais caridosamente administrados a mesma finada em prol de sua alma.
Formosa, 17 de Abril de 1.902.
Antônio da Costa Pinto.
Maria Candida da C. Pinto.
Em 15 de outubro de 1.908, em um sorteio na empresa de seguros de vida A EQUITATIVA, Francisco Alexandrino Lobo, que possuía a apólice de nº 17.583, foi sorteado e recebeu 5:000$ (cinco contos de réis).
No jornal O PLANALTO nº 48, de 1 de Julho de 1.911, temos a notícia:
Sabemos estar enfermo em Formosa, de cuja sociedade é brilhante ornamento, o nosso particular e respeitável amigo, coronel Francisco Alexandrino Lobo, a quem, mesmo de longe, visitamos, fazendo votos para que seja prontamente restabelecido.
Através das palavras de Olympio Jacintho, em 21 de fevereiro de 1912, faleceu o inolvidável formosense - Cel. Francisco Alexandrino Lobo, sustentáculo da ordem e do progresso em Formosa.
O Jornal O PLANALTO, nº 82, de 2 de março de 1.912, através dos seus redatores Placido de Paiva e Evangelino Meirelles fez uma homenagem póstuma conforme segue:
Cl. Francisco A. Lobo
A vizinha cidade de Formosa cobriu-se de pesado luto no dia 21 de fevereiro último. É que nesse funesto dia desapareceu daquela culta sociedade o eminente e prestante cidadão coronel Francisco Alexandrino Lobo, que ha tempos vinha sendo vítima de cruéis padecimentos. O grande Formosense, que, como se sabe, fora acometido de alienação mental, sucumbiu em completa lucidez de espírito, depois de dolorosa e longa agonia, e cercado sempre dos carinhosos desvelos de seus ilustres parentes e concidadãos. Formosa perde no extinto um dos mais preciosos ornamentos de sua sociedade, um dos mais dignos de seus filhos, que soube sempre enaltecer a terra que lhe deu o berço e prestar a seus patrícios os mais assinalados serviços, já como político, já como advogado, já como médico e, finalmente, como um elemento dignificante, a cuja ação deve em parte a bela cidade de Planaltina, o acatado e simpático renome que goza em todo o Estatuto e fora dele. O coronel Francisco A. Lobo contava com 57 anos de idade, e o seu enterramento foi o mais concorrido dos que se tem notícia em Formosa.
Sem espaço para um necrologio que esteja na altura da excelsa personalidade que se apaga, limitando-nos a depor no seu túmulo uma coroa de sincera saudade e apresentar a sua nobre família e parentes em geral a real expressão do nosso íntimo pesar.
Pelas palavras de Quintino de Castro no periódico mensal NORTE DE GOYAZ, edição 164, lemos:
CORONEL FRANCISCO ALEXANDRINO LOBO
Formosa de Goyaz acaba de receber o mais profundo golpe, cuja dor jamais se extinguirá.
O coronel Francisco Alexandrino Lobo, vulto de grande destaque e merecimento que engrandecia o lar dessa cidade goiana, já dorme tranquilamente o sono eterno.
Cavalheiro de fino trato, distinto, inteligente e patriota, soube ornar com suas influências o seio de sua Pátria, onde sua vida era estimadíssima d'aquela população que ora inteiramente derrama na sua campa, lágrimas de intensa dor.
Francisco A. Lobo, desde os seus primeiros anos, uma certa tendência se revelou pela vida ativa comercial e muito se dedicou aos serviços da Pátria, sabendo com todas as suas forças e todo o seu coração, tecer a primazia ao seu torrão natal, a terra dos seus sonhos: o seu ídolo adorado.
Laborioso comerciante e caprichoso farmacêutico, satisfazia ele, sempre cheio de generosidade aos seus fregueses e amigos, e socorria cheio de caridade aos seus clientes, ufanando-se de servir aos seus patrícios e prestar homenagem a sua terra.
Só quem não conheceu a pessoa do ilustre goiano, deixará de lamentar a sua morte, mas todos que tiveram o prazer de apreciar as suas finas qualidades, derramarão constantemente lágrimas sentidas a sua memória querida.
Eu, que o conheci, e tive ocasião de admirar a sua intrepidez patriótica - como defensor do seu lar, prestando as boas causas os mais relevantes serviços, externando as suas nobres aspirações, convertendo-as em realidade, a custo da sua heroicidade e prudência, não posso deixar passar a dor da sua morte - que ora me invade o coração, sem manifestar os meus justos sentimentos ao lar Formosense e transmitir pelo muito conceituado NORTE DE GOYAZ os meus sinceros pêsames à sua desolada família, rociando estas linhas de lágrimas de eterna saudade!...
Descansa, oh! alma grande e generosa, na glória eterna, onde não há dores nem sofrimentos.
Descansa em paz!
Porto Nacional, - Junho de 1912.
Quintino de Castro.
Em sua homenagem temos uma rua que leva o seu nome na cidade de Formosa GO.
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