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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

31 de julho de 1.977 a 31 de janeiro de 1.983 - Bacharel Severiano Batista Filho (Dr. Didi)


SEVERIANO BATISTA FILHO, filho de Severiano Batista de Oliveira e Zaíra Gomes de Oliveira, nasceu no dia 08 de janeiro de 1.929, em Pires do Rio, Goiás. Aos 10 anos de idade veio para Formosa, onde fez seus estudos no Colégio São José, na Escola Paroquial e no Ginásio Arquidiocesano do Planalto. Em São Paulo, concluiu o curso ginasial no Colégio Anglo Americano, em São João da Boa Vista e Direito na tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na capital paulista, bacharelando-se em 1.954. Mediante defesa de tese, ingressou na Academia de Estudos Literários e Jurídicos "João Mendes". Casou-se com Terezinha Lobo Batista, resultando dessa união os filhos Valéria, Haroldo, Leonardo e Patrícia. Faleceu em 10 de fevereiro de 2.009.


Por várias bocas, não foi considerado um bom prefeito, motivos pelos quais mostraremos a seguir, mas que pode ser resumido na legenda da foto no jornal de 6 de janeiro de 1.980: "Assim é Formosa, ruas cheias de residências e sem calçamento. De tanto fazer economia para equilibrar as contas, o prefeito acabou se esquecendo da urbanização e da Taxa de Melhoria".

Para entender tudo o que houve, vamos aos fatos...

PROCESSO ELEITORAL

O processo eleitoral já começou com divisão dentro do próprio partido. Didi chega à campanha apoiado por Zezito, entretanto com o partido (MDB) já rachado em relação ao Arthur Magalhães que forma uma segunda chapa chamada MDB2. No Arena, Eduardo Martins encabeça uma eleição nunca pensada antes. Essa disputa se tornou capa no Correio Brasiliense de domingo, 14 de novembro de 1.976, intitulado FRAUDE EM FORMOSA, onde mostra que o Diretório Municipal da Arena de Formosa entrou com uma representação na Justiça Eleitoral denunciando manobra do MDB local que teria, a partir de janeiro deste ano, realizado inscrição maciça de eleitores residentes em Brasília com o propósito de aumentar as chances de seu candidato a prefeito. Teve como vice-prefeito, o cidadão Edy José de Paiva.
 

Durante o seu mandato, além de administrador magnânimo e estimado pelos funcionários públicos municipais, realizou entre outros atos próprios da administração, os seguintes trabalhos:

Inauguração do DDD e DDI em Formosa - 22 de agosto de 1.977

Dr. Didi resume esse dia em uma efusiva fala: "É o transporte de legítima ufania que a nossa imaginação cívica exalta ao galarim das máximas conquistas jamais sonhadas pela modesta comunidade, que se formou em derredor do povoado de Couros, a partir da segunda metade do século e que está comemorando o seu primeiro centenário de elevação à categoria de cidade. Existem momentos de expectativa e inefável grandeza, que nos cabe recolher em seus feixes policromos de alvoradas de luzes, como projeção histórica do momento que a todos envolve, para transmiti-lo ás gerações futuras, simbolizando legado heróico de uma raça, que já não mais deve ser vista como risonha promessa de esperanças, mas sim onde a primavera de flores transbordam em seara de frutos de saudáveis realizações".

Escritório do Complexo Turístico Itiquira em Formosa - 28 de setembro de 1.977


Inauguração da Escola Municipal Águas do Indaiá - agosto de 1.978


Inauguração do Centro Administrativo em 01 de agosto de 1.980 e conclusão da obra referente ao anexo do Centro Administrativo de Formosa. 


Outras obras da sua administração foram: abertura da Avenida Seis, hoje "Maestro Luiz do Espírito Santo", uma das vias mais desenvolvidas da cidade; ligação da Avenida "Ângelo Chaves" a Avenida Brasília margeando o córrego Josefa Gomes; elaboração da segunda planta geral da cidade de Formosa, considerada como primeiro Plano Diretor do desenvolvimento urbanístico de Formosa.

Além de prefeito municipal de Formosa, exerceu o cargo de vereador da Câmara Municipal de Formosa, em 1.960; presidente do diretório do PDS, em Formosa; membro do Lions Clube e Rotary de Formosa; assessor jurídico da Prefeitura Municipal de Formosa durante os mandatos dos prefeitos José Saad, Jair Gomes de Paiva e Sebastião Monteiro Guimarães; assessor jurídico das prefeituras de Guarani, Damianópolis e Alto Paraíso GO; assessor jurídico da diocese de Formosa desde a instalação da prelazia; advogado militante com escritório instalado na Rua "Emílio Póvoa", centro, Formosa, GO.

Recebeu a prefeitura das mãos de José Saad, cumpriu todo o mandato, passando o cargo novamente a José Saad, este eleito para cargo de prefeito municipal pela terceira vez.


PERSEGUIÇÕES, DESAFETOS E MÁGOAS

Uma das perseguições, encabeçadas principalmente pelo vereador Ivan Ornelas, seu adversário número 1, se referia a ele deixar a prefeitura para cuidar de sua fazenda e diz que por isso a cidade está abandonada. Didi se defende: "Estamos aqui naquela luta do dia a dia, do hora a hora. Agradando a uns e desagradando a outros. Acusam-nos de sermos fazendeiro e darmos atenção à nossa propriedade. Ocorre que em todo o meu curso de direito feito em São Paulo, no Largo São Francisco, somente aprendi que a pessoa só é obrigada a afazer ou deixar de fazer alguma coisa, em virtude da Lei. Por isso, parece-me não haver proibição legal para que eu, às sextas feiras, após o expediente encerrado, tomar conta do que é meu. Não revelam entretanto os meus críticos que trabalho de segunda a sexta, intensamente; começando logo cedo meus afazeres e os terminando sempre noite a dentro. Há também os que pensam que um prefeito deva ser um robô e que acionado um botão esteja em ação para tudo e ainda, que deva ter o dom da ubiquidade (unipresença).

Nesse ínterim, Dr. Didi diz que o Governo de Goiás é omisso e que o pouco que tem recebe do GDF. (LEIA AQUI)


Mesmo com palavras bonitas, a saúde do município não vai nada bem, com o posto da LBA aguardando funcionamento adequado há 17 anos e Formosa sendo obrigado a atender ainda mais 12 municípios circunvizinhos.


Tantos problemas, leva o seu opositor Ivan Ornelas a fazer uma verdadeira sabatina com o Dr. Didi.


Não obstante, ainda entra o jornalista Loureiro Junior, trazendo a voz da população referente ao asfalto aos jornais regionais.


Em dezembro de 1.979, Dr. Didi precisa enfrentar a crise do petróleo, havendo uma diminuição significativa no turismo formosense.


No início de 1.980, uma página inteira do jornal diz referente ao ano anterior: "Meta prioritária do administrador formosense - o equilíbrio financeiro - respondeu pela não realização de obras essenciais. Verdadeira obstinação - não compreendida pela maioria da população que preferia realizações e dívidas - foi a meta atingida: a Prefeitura Municipal de Formosa encerra o balanço de contas em positivo. Em compensação, a cidade se encontra toda esburacada, com ruas totalmente intransitáveis e a morte rondando os motoristas que, a cada cratera, encontram mais um meio de chegar ao Céu, por via indireta. 

Entretanto, não foi só descréditos mostrados, vamos a alguns pontos positivos:

- Desenvolvendo um trabalho pertinaz, a Prefeitura conseguiu recuperar as pontes e as estradas rurais. Foram cerca de 350 km de estrada e 12 pontes recuperadas.

- Aterro da Av. Parque (Ivone Saad) e aquisição de máquinas pesadas para pavimentação e patrolamento.

- Instalação da Destilaria Brasil Central operando com cerca de 3.000 empregados.

- A EUROFLOREST adquiriu áreas próprias para reflorestamento e transformação de madeiras em laminados e aglomerados.

- Foi iniciado pela PNEUJATO de São Paulo, um plantio de seringueiras que cobrirá uma extensão de 400 alqueires de terra.

- Indústria de postes de aço para iluminação, luminárias e refletores está sendo implantada pela Metalúrgica Trópico, de São Paulo.

- Motores elétricos, transformadores de pequeno e médio porte, para áreas urbana e rural serão fabricados pela Eletro Mecânica ROUSS, igualmente de São Paulo.

- As Ginkanas Automobilísticas foram a alegria da cidade. Seus principais promotores: Lídio, Nilton, Ludgero e Pedrinho.



Em 27 de janeiro de 1.980, mais uma reportagem pesada intitulada Perigo à vista - Buraqueira torna cada vez mais feia a passagem para a lagoa. "A situação é tão grave que agora, não só os veículos correm o risco de sérios acidentes. Os populares também foram atingidos pela incúria administrativa. Há buracos que chegam a ganhar dimensões inacreditáveis: comportam uma C-10 por inteira. Caso singular o da Avenida Brasília. Cartão de visitas de Formosa, dá impressão de alguém vestido de "smoking" e com um pé descalço... A Avenida Brasília, em Formosa, não faz justiça à imponência da Capital da República. De um lado, bela viola. Do outro, pão bolorento... 


Quase no final do mandato, em 30 de abril de 1.982, o jornal O CRUZEIRO faz uma reportagem positiva sobre o Dr. Didi, o que vale a pena ler.


DENÚNCIAS PÓS MORTE

Após o seu falecimento, várias atitudes tomadas pelo Bacharel Severiano Batista Filho vieram a tona sem ter defesa fácil.

Uma das denúncias e apurações mais leves (CLIQUE AQUI) dá conta de suspeita de grilagem de terras nas quadras 4 e 5 do Setor Sul em Formosa.

A denúncia, ao meu ver mais séria, se dá quando Dr. Didi respondia pelos assuntos jurídicos na gestão de Jair Gomes de Paiva, sendo a abertura da rua João Gomes Xavier (rua do cinema) e a permuta dos lotes do próprio Jair Gomes de Paiva para a abertura dessa rua. Como consequência desse ato, primeiramente o prefeito Jair Gomes de Paiva perdeu seu mandato, sendo substituído pelo vice prefeito, Professor Edson Spíndola. No desenrolar dos fatos, o professor Edson, da noite para o dia, viu seus bens penhorados pela justiça também por causa dessa abertura de rua, caindo em profunda tristeza o que agravou outros problemas, que o levaram à morte. O ex prefeito Jair Gomes de Paiva, que até hoje não conseguiu também resolver essa questão, se encontra em quadro semelhante ao do professor Edson, mantendo-se ainda vivo, mas com a saúde muito debilitada.

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